segunda-feira, 31 de março de 2008

Não podia deixar de começar as aulas com o seguinte pedido: Quem não ficou surpreendido com as imagens do Carolina levanta o braço. 9ºx 17 alunos/ 9º y 16 alunos. Mais de metade dos alunos afirma não ter ficado surpreendido com aquela situação. Um dos alunos disse que a professora não tinha o direito de retirar algo pessoal à aluna. Outro afirmou que no ano passado(Ufff) tinha feito pior. Alguns disseram que se estivessem no lugar da professora tinham batido na aluna ... A maior parte condena a atitude da aluna. Vá lá!!!

Uma horinha até perceberem que o uso de telemóveis na sala de aula não é permitido e que esta regra, que fora definida por eles no início do ano, nem sempre era cumprida por suas excelências!

A verdade é que as aulas hoje decorreram bem! Os alunos entraram correctamente na sala de aula e demonstraram um comportamento bastante satisfatório. Falava um de cada vez e calavam-se assim que lhes era pedido. Eheheh, via-se ali a pressão dos pais, e o medo de se tornarem os próximos a aparecer na TV na lista dos pais que não sabem dar educação aos filhos!! Vamos lá ver por quanto tempo os pais aguentam os filhos com rédea curta , ehehehe...

sexta-feira, 28 de março de 2008

Confesso que não era este o rumo que eu queria dar a este novo blog ... mas ele escolheu o seu próprio caminho ...ou tudo se proporcionou para que os seus primeiros passos fossem por aqui. Inicialmente este blog deveria ser o sucessor de um mais antigo, que tem estado em repouso. O título "Amanhecer" não era mais do que o início de um novo dia, a esperança de um amanhã, pessoal ... mas, surpreendentemente, a conjuntura social exigiu que este título ganhasse um outro sentido, a esperança de um amanhã social. Pois que assim seja. Ficará como um espaço de reflexão da minha prática educativa e das práticas, educativas ou não, da sociedade portuguesa.

quarta-feira, 26 de março de 2008

E se a professora tivesse feito isto?

Valha-nos o youtube, III

Porque estes meninos já perceberam que as faltas disciplinares não têm consequência nenhuma. Se no relatório, o professor escrever que foi marcada uma falta disciplinar ao aluno por este não obedecer ao professor, que o mandou repetidamente estar calado, as instâncias superiores torcem o nariz e muitas vezes esquecem-se de dar continuidade ao processo, porque consideram que não obedecer ao professor não é uma infracção grave. E eu tenho a certeza de que foi por este motivo que esta minha colega não fez imediatamente a participação disciplinar. E até me atrevo a dizer que não a faria, caso o incidente não tivesse aparecido no Youtube. Ela sabia que a sua palavra seria inaudível.
Valha-nos o youtube!

terça-feira, 25 de março de 2008

Valha-nos o youtube,II

Talvez a resposta a esta pergunta dê uma tese de mestrado. Poder-se-ão apontar todas as causas possíveis, o signo ou o ascendente da professora, quiçá a influência da lua. O que não poderá deixar de se referir é que os alunos não obedecem, na generalidade, aos professores. É preciso dizê-lo para se poder actuar. Pede-se a um aluno que pare de falar e ele não pára, pede-se a um aluno que nos dê a caderneta para mandarmos um recado para os Encarregados de Educação e ele recusa-se, pede-se a um aluno que mude de lugar, porque está a perturbar o colega, e ele não obedece. É este o real estado da educação. Mas o pior ainda vem aí: autorizem que estes alunos participem na avaliação dos professores e veremos o estado em que fica o ensino. Talvez seja este o objectivo: acabar de uma vez com o ensino público para que os filhos das classes médias engrossem as listas das escolas privadas.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Valha-nos o youtube

Perante as imagens de indisciplina que foram publicadas no Youtube e que abriram todos os telejornais durante os dois dias seguintes, Portugal inteiro indignou-se e eu fiquei deveras estupefacta porque me dei conta que a população, incluindo os intelectuais da nossa praça e creio eu a nossa ministra, ainda não se tinha dado conta do estado a que tinha chegado o ensino público. Porque para nós, professores, isto não é um caso de excepção e a prová-lo basta verificar a data em que a professora fez a participação do que se tinha passado na aula: quase uma semana depois desta ter ocorrido. Para quem estuda os fenómenos da educação, aí está o ponto de partida para uma boa reflexão: o que terá levado esta professora, depois de ter vivido a humilhação que tanto chocou os portugueses, o que terá levado esta professora, repito, a não ter feito imediatamente uma participação disciplinar desta aluna e da sua turma?

quinta-feira, 20 de março de 2008

Horas, minutos e segundos,II

A verdade é que ainda não tive ocasião de vir até aqui para contabilizar as minhas horas de trabalho, mas ainda vou a tempo de o fazer.
Na segunda feira, depois do jantar continuei a corrigir testes e, no dia seguinte de manhã, a mesma coisa... Na quarta de manhã, corrigi testes e às dez horas fui novamente para a escola até às oito: assisti a uma acção de sensibilização sobre sexualidade, fora do meu horário de trabalho. Na quinta de manhã, acabei de corrigir mais uma turma de testes. De tarde, dei aulas.
Na sexta, estive a preencher relatórios e a organizar a papelada da direccção de turma.
Sábado e domingo, preenchimento de grelhas de avaliação de todas as turmas. Reflexão sobre as classificações a atribuir aos meus alunos.
Segunda: todo o dia a preencher os registos de avaliação dos alunos e a preparar a reunião da minha DT. Terça e quarta: reuniões de avaliação. Quinta: verificação da pauta e dos registos.

Será que tenho direito à tolerância de ponto com que o governo decidiu presentear a F.P.? Ou será que isto também é um privilégio?!

Só não vê quem não quer ver: o horário de trabalho de um professor não se limita ao nº de horas que ele passa na escola, vai muito além disso. Por isso não me venham com essa de que os professores não trabalham ... essa já não cola!!!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Horas, minutos e segundos

Ontem, domingo, estive a corrigir testes!!! Quantas horas? Não as contabilizei, mas lembrei-me de passar a ter esse cuidado para que depois não digam que os professores não trabalham. Portanto, aos cinco dias de trabalho de um funcionário público, acrescentem mais dois: o sábado e o domingo!!

Ontem, dia 9, estive a corrigir testes. Não tive tempo para ler o jornal, nem para levar os meus filhos a passear, nem para ir ao cinema ou, enfim, para não fazer nada, que também sabe bem! Trabalhei a tarde toda e, depois do jantar, continuei. Foi pena não ter contabilizado as horas de trabalho, mas acredito que chegava perfeitamente para completar um dia de trabalho semanal dos mais comuns dos funcionários públicos. Mas só corrigi uma turma. Ainda me faltam três x 27 alunos, ou seja, mais oitenta e um testes.

Hoje, dia 10, entrei na escola às dez e saí às dezoito e trinta. Tive quarenta e cinco minutos para almoçar. Além de dar aulas, tive uma reunião que demorou mais de duas horas. Como não conseguimos terminar os assuntos que tínhamos para resolver, será marcada nova reunião com data ainda a definir. Portanto em quantas horas já vamos, hoje? Nove. 9!!!!

Mas pensam que me fico por aqui? Esta noite, torno a passar o serão a corrigir testes. Venho cá, mais tarde, para a contabilidade.
"A ministra da Educação diz “não ser relevante” a participação de 100 mil professores na Marcha da Indignação, este sábado em Lisboa, ..."

PÚBLICO, 08/03/2008

É triste uma Ministra da Educação não ter o mínimo de humildade para admitir que este número, jamais visto em Portugal, é efectivamente RELEVANTE. É mesmo muito triste.
Basta isto para provar a capacidade de diálogo desta equipa da educação.

domingo, 9 de março de 2008

Manifestação de professores 8/março/2008

Uma mar de gente!

Foi de facto um momento único da história de Portugal : professores unidos numa tentativa de salvar o ensino público. Acreditem que é isso que está em causa.