quinta-feira, 30 de abril de 2009

Se este ano, o Governo conseguiu reembolsar o IVA aos contribuintes um mês após a entrega da declaração, por que razão não o fez no ano passado? E quando a crise passar, o reembolso vai tornar a ser só em Agosto? É que de Maio a Agosto são três meses, vezes ...
Ir para o desemprego pode ter aspectos positivos ... é uma oportunidade de se levantar do sofá, arregaçar as mangas, sorrir para a vida e começar de novo ... Há um mundo de possibilidades à espera de ser descoberto ... Arriscar é a palavra de ordem.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Nuno Álvares Pereira

Ainda ontem, cá em casa, se discutia este mesmo assunto ... e hoje reparei que o Pina concorda connosco!

Santo sim, mas não tanto
2009-04-28
JN
Na infância queria ser santo. Rezei, fiz penitências, dei o lanche que trazia de casa aos pobres. Era uma espécie de investimento, que esperava cobrar com juros no Céu. Tinha sido mal informado. Um dia li uma biografia de Santo Inácio de Loyola e descobri que o caminho para a santidade era um pouco mais tortuoso do que pensava, e começava - antes de passar às orações propriamente ditas - por matar franceses em Navarra e perseguir mouros que duvidassem da virgindade de Nossa Senhora. Matar espanhóis e enforcar camponeses sublevados, como S. Nuno Álvares Pereira, e ser filho de prior e neto de arcebispo, senhor de Barcelos, Braga e Guimarães, Montalegre e Chaves, Ourém e Porto de Mós, Alter do Chão e Sousel, Borba e Vila Viçosa, Estremoz e Arraiolos, Montemor e Portel, Almada, Évora-Monte, Monsaraz, Loulé e mais reguengos e lugares, também ajudava. Como não tinha terras nem tencionava matar mouros ou espanhóis, desisti da santidade. Continuei a partilhar o lanche com os colegas pobres (e, como S. Francisco de Assis, com os animais vadios da vizinhança) apenas, que Deus me perdoe, por humanidade.
Não consigo deixar de pensar no Ensaio sobre a Cegueira, perante esta nova pandemia.

A credibilidade conquista-se!

Será isto uma verdadeira democracia ... ou apenas andamos a brincar ao faz de conta ... será que há pessoas que são mais importantes do que outras, ou mais credíveis, ou somos todos considerados cidadãos e tratados da mesma forma ... e por que razão a palavra de uns serve para justificar faltas e outros, nas mesmas circunstâncias, ficam sem voz e precisam da assinatura de um médico? É este o exemplo que queremos dar aos nossos jovens? É assim que queremos que a nossa sociedade se desenvolva? Onde está a igualdade? E a justiça? E por que é que o povo não se incomoda com esta situação? O que se passará na nossa sociedade que nos põe adormecidos e que permite que situações destas sejam consideradas normais? Eu sei que para alguns isto não é nada, mas para outros estas injustiças fazem a diferença... e este exemplo é muito pequenino...
Parlamento
Palavra dos deputados "faz fé" para justificar faltas
por FRANCISCO ALMEIDA LEITE

06 Abril 2009 in DN

Jaime Gama ordenou mudanças no regime de presenças e faltas, mas deputados podem faltar cinco dias sem apresentar justificação.
"A palavra do deputado faz fé, não carecendo por isso de comprovativos adicionais". É esta a redacção do ponto sete do novo regime de presenças e faltas dos deputados em plenários, que o presidente da Assembleia da República fez aprovar. Jaime Gama acabou por deixar a possibilidade de os deputados poderem alegar ausência por motivo de doença sem que para isso seja necessária a apresentação de quaisquer justificativos nos primeiros cinco dias. Excepto quando a doença "se prolongue por mais de uma semana". Ou seja, um deputado que falte e que com isso impeça ou prejudique uma votação pode invocar doença sem que tenha que apresentar qualquer tipo de atestado médico.
De fora ficou o apertar da malha aos faltosos, exigido por vários partidos após o episódio de 5 de Dezembro, quando a ausência de 48 deputados impediu a aprovação de um projecto de resolução do CDS/PP que recomendava ao Governo a suspensão da avaliação dos professores.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

E cá está, para mim, um dos melhores jornalistas de Portugal, Mário Crespo, a escrever o que todos pensam ...


Os bons e os maus

2009-04-27

in JN

Já há mais jornalistas a contas com a justiça por causa do Freeport do que houve acusados por causa da queda da ponte de Entre-os-Rios. Isto diz muito sobre a escala de valores de quem nos governa.

Chegar aos 35 anos do 25 de Abril com nove jornalistas processados por notícias ou comentários com que o Chefe do Governo não concorda é um péssimo sinal. O Primeiro-ministro chegou ao absurdo de tentar processar um operador de câmara mostrando que, mais do que tudo, o objectivo deste frenesim litigante é intimidar todos os que trabalham na comunicação social independentemente das suas funções, para que não toquem na matéria proibida. Mas pode haver indícios ainda piores. Se os processos contra jornalistas avançarem mais depressa do que as investigações do Freeport, a mensagem será muito clara. O Estado dá o sinal de que a suspeita de haver membros de um governo passíveis de serem corrompidos tem menos importância do que questões de forma referentes a notícias sobre graves indícios de corrupção. Se isso acontecer é a prova de que o Estado, através do governo, foi capturado por uma filosofia ditatorial com métodos de condicionamento da opinião pública mais eficazes do que a censura no Estado Novo porque actua sob um disfarce de respeito pelas liberdades essenciais. Não havendo legislação censória está a tentar estabelecer-se uma clara distinção entre "bons" e "maus" órgãos de informação com advertências de que os "maus" serão punidos com inclemência. O Primeiro-ministro, nas declarações que transmitiu na TV do Estado, fez isso clara e repetidamente. Pródigo em elogios ad hominem a quem não o critica, crucifica quem transmite notícias que lhe são adversas. Estabeleceu, por exemplo, a diferença entre "bons jornalistas", os que ignoram o Freeport, e os "maus jornalistas" ou mesmo apenas só "os maus", os que o têm noticiado. Porque esses "maus" não são sequer jornalistas disse, quando num exercício de absurdo negou ter processado jornalistas e estar a litigar apenas contra os obreiros dos produtos informativos "travestidos" que o estavam a difamar. E foi num crescendo ameaçador que, na TV do Estado, o Chefe do Governo admoestou urbi et orbi que, por mais gritantes que sejam as dúvidas que persistem, colocar-lhe questões sobre o Freeport é "insultuoso", rematando com um ameaçador "Não é assim que me vencem". Portanto, não estamos face a um processo de apuramento de verdade. Estamos face a um combate entre noticiadores e noticiado, com o noticiado arvorando as armas e o poder que julga ter, a vaticinar uma derrota humilhante e sofrida aos noticiadores. Há um elemento que equivale a uma admissão de culpa do Primeiro-Ministro nas tentativas manipulatórias e de condicionamento brutal da opinião pública: a saída extemporânea de Fernanda Câncio de um painel fixo de debate na TVI sobre a actualidade nacional onde o Freeport tem sido discutido com saudável desassombro, apregoa a intolerância ao contraditório.

Assim, com uma intensa e pouco frequente combinação de arrogância, inabilidade e impreparação, com uma chuva de processos, o Primeiro Ministro do décimo sétimo governo constitucional fica indelevelmente colado à imagem da censura em Portugal, 35 anos depois de ela ter sido abolida no 25 de Abril.

sábado, 25 de abril de 2009

Mais do que actual, esta canção do Zeca Afonso ganha ainda mais sentido cantada por estes professores.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

É sempre um privilégio ler Manuel António Pina

Olho em volta, hesitante: digo?, não digo? Porque, por estes tempos, ter opinião é mais soturno e melancólico, caro Cesário Verde, que andar por aí sozinho e mal acompanhado "nas nossas ruas, ao anoitecer". Atrevo-me?, não me atrevo?; escrevo?, não escrevo? E se apanho, também eu, com um processo? E se sou chamado à intendência do dr. Proença de Carvalho ou a alguma das outras?

Mas não é verdade que Cavaco Silva, o temerário, se atreveu e, até ver, ainda não foi processado? Respiro fundo, ganho coragem e atiro-me de cabeça: gastar, enquanto se fala de crise, um milhão de euros dos contribuintes em carros de luxo para alguns figurões da AR é escandaloso num país com dois milhões de pobres e centenas de milhar de idosos e crianças com fome. Uff, pronto, já disse! Entretanto, a conselho do meu advogado, retiro a palavra "figurões" e substituo-a por "altas figuras", e retiro "escandaloso" e substituo-o por "duvidoso". Declaro ainda que não pretendo com o que disse pôr em causa a honra e consideração devidas ao Governo, à AR ou à Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol. E que Deus me proteja.

domingo, 19 de abril de 2009

Eu até me habituei a conduzir devagar, a parar em todos os STOPs, não meter mudanças; com alguma dificuldade, vou-me habituando à comida, tiro os sapatos antes de entrar em casa de alguém, mas o que sinto mais dificuldade é mesmo não cumprimentar as pessoas, isto é, não cumprimentar como se cumprimenta em Portugal. Quem é que em Portugal vê os seus amigos e não lhes dá dois beijinhos? Pois é, isso por cá é impensável. No outro dia, num acto irreflectido, claro, cumprimentei a minha amiga Karin com dois beijos ... quase entrou em pânico ... lá tive de me desculpar com o costume portugûes ... no dia seguinte, quando me viu, acenou-me de longe, não fosse eu ter outro acto irreflectido ...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O cérebro é muito estranho ... mesmo quando lhe dizemos que já terminou, que está tudo pronto e que pode descansar, continua a acordar à noite e a acender as luzes ... "enviaste os .... compraste as... telefonaste a ... trouxeste os ...". Bem lhe digo que um verdadeiro coordenador tem de confiar, mas ele dá cá umas risadinhas ...