quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Tenho saudades dos livros que deixei em Portugal como se fossem pessoas. Saudades de os ver ali, de pegar neles, de os folhear, de ler passagens sublinhadas, ou páginas marcadas. Porque os meus livros e eu somos o mesmo.

(Já deu para perceber que estou com um trabalho para terminar e estou a pensar em tudo menos no trabalho! Proibo-me de voltar aqui enquanto não acabar o trabalho. Não, não posso proibir porque tenho uma tendência para não obedecer. Talvez a única forma seja ligar para a comcast e cancelar o contrato da Internet!)

Adoro fazer anotações nos livros, reflexões que vão surgindo à medida da leitura. E quando me pedem emprestado um livro (odiava emprestar livros) sinto um nó muito apertado por, para além do livro, ir também um bocadinho de mim. Eu sei que as pessoas lêem o que escrevo, e por mais que lhes diga "Não ligues às minhas anotações", sei que elas terão sempre a curiosidade de espreitar.

Aconteceu-me num Verão quando uma amiga me estava a devolver um livro de Paulo Coelho Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei ter-me dito "Gostei muito do livro e adorei as anotações." Nesse momento senti que toda a roupa que trazia vestida se tinha desapertado e caído. Sorri e tentei ver nos olhos dela a que é que ela se estaria concretamente a referir. Para me descansar disse-me "Também deixei lá algumas anotações. A lápis, para apagares, se quiseres." Claro que ainda lá estão.

1 comentário:

Unknown disse...

É mesmo engraçado o teu desabafo! Muitas vezes te pedi livros emprestados, e todas as vezes senti que me eram confiados segredos!

Eu também sofro com os emprestimos (não que faça anotações) e, apesar da curiosidade, tentei não ler... nem semre fui bem-sucedida! Mas sentia que estava a aprender, como quando me sentava ao pé de ti (enquanto corrigias testes) e me contavas histórias da tua história! Obrigada!